sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Surpresa! Sedição de Juazeiro de 1914 pode ter sido arquitetada pelo prefeito de Crato


Segundo o historiador americano Ralph Della Cava, em seu livro Milagre em Joaseiro, reportando-se à Sedição de Juazeiro “Contrariamente à maioria das interpretações tanto contemporâneas quanto atuais, parece certo que o cel. Antônio Luís (foto ao lado)  foi o arquiteto principal do plano no Cariri; Floro foi o executor-chefe e Padre Cícero, seu cúmplice atônito e indeciso. É hoje evidente que não poderia ter sido de outra forma. Antônio Luís, primo-irmão do ex-governador Accioly, chefe deposto do Crato, antigo deputado estadual e outro "Grande Eleitor" de todo o Vale do Cariri, era quem mais tinha a lucrar com a "revolução". Além disso, tratava-se de um político experiente, enquanto que Floro não conhecia uma única personalidade política do Ceará e jamais estivera em Fortaleza! Somente depois de ter ido ao Rio de Janeiro, em agosto de 1913, travou relações com os Accioly, com o senador Cavalcante e com o próprio Pinheiro Machado!
Quanto ao Padre Cícero, era ele prisioneiro dos boatos que corriam sobre os incontáveis atos de hostilidade de Franco Rabelo, objeto de adulação por parte dos poderosos e egoístas exilados do Rio de Janeiro e o penhor confiante de Floro e Antônio Luís. Tornaram-se estes, juntamente com seus subordinados, os principais porta-vozes do solitário clérigo no referente à crise política de 1913. Até que ponto era sincera a confiança implícita que o Patriarca depositava em Floro e em Antônio Luís só se pode julgar pelos fatos posteriores, especialmente pelo seu último testamento. Nesse documento, o clérigo designou Floro e Antônio Luís testamenteiros de seu legado, o que representava uma indiscutível prova de confiança numa sociedade em que somente os amigos podiam garantir o cumprimento da lei. Admite-se que Antônio Luís e Floro não foram os únicos conspiradores. Havia, ainda, o imprevisível João Brígido, redator-chefe do jornal Unitário, a primeira pessoa a partir para o Rio de Janeiro em 1913 com o fim de conspirar contra o governo de Franco Rabelo.” Adianta ainda Della Cava:  “O alter ego (Dr. Floro) e o "oligarca mirim" (Cel. Antônio Luís) tornaram-se grandes  amigos e aliados políticos. Uma prova dessa camaradagem foi a importante atuação de Antônio Luís garantindo a nomeação de Floro para deputado estadual na chapa derrotada do PRC-C marreta, nas eleições de novembro de 1912. Desse momento em diante, as relações entre Floro e Antônio Luís ficaram mais íntimas; Floro visitava, com freqüência, a casa de Antônio Luís no Crato. Um encarnava a ambição e a audácia, o outro a esperteza política e o gosto pelo poder; juntos, galvanizaram o desespero dos chefes da velha guarda do Vale, levando-os a se compro-meterem com a revolta dirigida contra o governo de Franco Rabelo.”

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